Fruto de uma malformação vascular que compromete as artérias cerebrais, tornando suas paredes mais finas e frágeis, o aneurisma pode ser congênito, a maioria dos casos, ou adquirido, em consequência de infecções, processos traumáticos ou degenerativos.
Por conta desse processo e como o sangue arterial funciona sob pressão, ocorre o abaulamento do vaso sanguíneo, que pode romper e causar hemorragia – a gravidade do quadro vai depender do volume do sangramento.
O rompimento é mais comum entre adultos jovens, de 20 a 50 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade. Existe um leve predomínio entre as mulheres, mas sem explicações científicas que determinem o motivo. Estatísticas americanas mostram que a mortalidade chega a 45% frente ao quadro hemorrágico. Entre os sobreviventes, 60% apresenta algum déficit neurológico permanente.
“Sua importância está ligada à sua emergência, ou seja, assim como pode não acontecer nada no decorrer da vida, pode haver complicação e não há como prever”, explica dr. Rubens José Gagliardi, da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).
Uma vez detectado, o próximo passo é investigar suas características, como localização, tamanho e forma. Com a avaliação do risco, adotam-se condutas na tentativa de evitar a ruptura do aneurisma.
Em casos de baixo risco, são indicados cuidados clínicos, mantendo a pressão arterial estável, assim como mudanças nos hábitos de vida, com alimentação saudável para manter o peso, prática de exercícios físicos, cessação do tabagismo, níveis baixos de estresse e, eventualmente, medicação.
Se o risco de rompimento for alto, a intervenção cirúrgica está indicada, que pode ser a convencional, com a clipagem do aneurisma a fim de interromper a irrigação que o nutre, ou neurointervencionismo, com a embolização por cateterismo.
Não há prevenção, exceto manter atenção ao risco familiar, maior determinante para o aneurisma, assim como dores de cabeça súbitas e intensas, além de doenças associadas. Nestes casos, a descoberta em fase assintomática permite uma terapêutica preventiva que evite o rompimento.
“Importante ressaltar que, ao apresentar evidências clínicas fora da normalidade em termos de intensidade e surgimento, como dores de cabeça súbitas, quadros vertiginosos, síncope, déficit de força e de sensibilidade, vale uma avaliação do especialista para identificar a causa e iniciar o tratamento imediatamente”, alerta dr. Rubens.
Para o diagnóstico, o exame ideal é a angiografia, que comprova a existência da doença, tendo a digital-arterial como o método mais preciso e mais complexo, porém, com mais riscos. A angiografia cerebral por ressonância magnética ou tomografia computadorizada também são importantes instrumentos de avaliação do distúrbio.