Dados divulgados há uma semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a 2021, mostram que o Brasil chegou a 29,4% da população em situação de pobreza. A porcentagem equivale a cerca de 62 milhões de pessoas, sendo que 17,9 milhões estão na classificação de extremamente pobres. Os números, urgentes e preocupantes, são os mais altos desde 2012.
É fato que relevante fator para o disparo da pobreza no país são os dois anos de pandemia de Covid-19. Houve redução da oferta de empregos, adoecimento de entes próximos e aumento da fome. Por consequência, foi agravada a falta de acesso a condições básicas de sobrevivência.
Com quase 30% da população sofrendo com a fome e a miséria, os indicadores de saúde também ruíram. Fica ainda mais evidente, assim, que comida à mesa é essencial para o bem-estar físico e mental.
A fome instiga consequências irreversíveis para a saúde de um indivíduo, especialmente nas crianças. Qualquer nível de insegurança alimentar, do leve ao mais grave, é risco de comprometimento do equilíbrio minimamente desejável, podendo causar deficiências de macro e micronutrientes, comprometimento do crescimento, atraso no desenvolvimento físico e cognitivo e, em situações extremas, até mesmo ao óbito.
Ademais, a falta de acesso a saneamento básico e boas condições de higiene levam à proliferação de condições advindas de vírus e bactérias.
Urge que ações de combate à fome e à pobreza sejam tomadas o quanto antes, inclusive casadas a uma política de estado para a saúde.
Em nome da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, da qual tenho a honra de compor a diretoria, firmo que jamais deixaremos de trabalhar e exigir que as instituições governamentais, esteja A ou B à frente delas, elaborem políticas públicas que possibilitem à sociedade viver de forma digna e saudável.
Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica
Comments